Resistência e Competição
Esse tema é essencial para a saúde espiritual e a unidade da igreja de Cristo, uma vez que tanto o "espírito de resistência" quanto o "espírito de competição" podem minar a edificação coletiva, desviando o foco da missão principal: a glória de Deus e a edificação mútua. Vamos aprofundar alguns aspectos e propor uma reflexão mais abrangente sobre a influência negativa desses comportamentos na comunidade cristã.
Resistência e Competição
Marcos 9:33-35: Perguntou-lhes [Jesus]: Que estáveis discutindo pelo caminho? 34 Mas eles se calaram porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o maior. 35 Ele, assentando-Se, chamou os doze, e lhes disse: Se alguém quiser ser o primeiro, será o último e servo de todos. Lc 22:25-26.
1. Resistência e Competição: Desafios para a Comunhão Cristã
No ambiente secular, resistência e competição são frequentemente usadas para alcançar metas pessoais, defender interesses e afirmar posições. Porém, na igreja, esses valores conflitam com o propósito do corpo de Cristo, que se fundamenta no amor, humildade e serviço mútuo (Filipenses 2:1-4). Quando o espírito de resistência se alia ao de competição, ele promove divisões, gerando um ambiente de conflito e desconfiança. Este comportamento não reflete a natureza de Cristo e, de fato, impede a comunhão genuína dos irmãos (1 Coríntios 1:10).
2. Competição e Falsos Valores
Jesus ensina que, no Reino de Deus, grandeza é medida pela capacidade de servir, e não pelo reconhecimento ou superioridade (Marcos 10:43-45). A competição mundana gera uma busca por valores que promovem o "eu" acima do outro, levando à ambição egoísta. Isso é perigoso na igreja, pois aqueles que agem por competitividade revelam uma falta de compreensão dos valores do Reino: a glória e exaltação de Deus, e não a de si mesmos (Jeremias 9:23-24).
3. Frutos do Espírito Versus Obras da Carne
A competitividade na igreja pode ser fruto de desejos carnais, tais como orgulho e inveja, que Paulo classifica como obras da carne (Gálatas 5:19-21). Esses sentimentos desviam o cristão do amor, da paz e da humildade, que são frutos do Espírito (Gálatas 5:22-23). Em vez de promover o bem comum, o espírito competitivo estimula comparações e rivalidades, criando divisões que enfraquecem a igreja (Tiago 3:14-16).
4. Consequências da Competição e Resistência Mundana na Igreja
Esses comportamentos trazem muitos prejuízos à igreja. Eles:
- Distorcem a liderança e o discipulado: Quando irmãos competem entre si, a verdadeira liderança baseada no serviço é substituída por manipulação e autossuficiência.
- Causam divisões e desmotivação: O espírito de competição divide as pessoas, gerando ressentimentos e desconexão entre membros da igreja.
- Interferem no propósito evangelístico da igreja: Jesus afirmou que o mundo conheceria os cristãos pelo amor que têm uns pelos outros (João 13:35). A competição distorce esse testemunho.
5. Uma Visão Correta de Competição, Conquista e Esforço
A Bíblia ensina a lutar, mas por objetivos espirituais, em busca de nossa santificação e do avanço do Reino de Deus (Filipenses 3:13-14; Hebreus 12:1-2). O esforço e a busca por excelência são incentivados, mas sempre em dependência do Espírito Santo e com uma motivação pura, voltada para a glória de Deus, não para nossa auto-exaltação (1 Coríntios 9:24-27). Esse tipo de "competição" está em linha com o espírito de fé e nos leva a perseverar na obediência a Cristo.
6. Uma Visão Correta de Resistência Positiva: Persistência em Obediência a Deus
Há, contudo, uma forma de resistência saudável, que se aplica na luta contra o pecado e na firmeza de princípios e fé. Resistir ao pecado, ao conformismo mundano e ao Diabo são aspectos importantes do caráter cristão (Tiago 4:7; Efésios 6:12). Este tipo de resistência é essencial para manter a pureza espiritual e não deve ser confundido com a resistência que fere o próximo ou a liderança.
7. Os Antídotos Contra a Competição
Amor - O espírito competitivo é confrontado pela verdadeira natureza de Cristo, que é paciente, amável e sempre em busca do bem dos outros (1 Coríntios 13:4-7). Os cristãos são chamados a preferir uns aos outros em honra e a buscar edificar o corpo como um todo (Romanos 12:10; 15:1-3). Esse espírito de unidade fortalece a igreja e torna-a uma expressão visível do amor de Cristo ao mundo.
Humildade e Submissão - A humildade é uma das características essenciais para uma vida cristã saudável. Pedro nos ensina a nos revestir de humildade e submissão (1 Pedro 5:5-6), enquanto Paulo nos encoraja a considerar os outros superiores a nós mesmos (Filipenses 2:3). Somente um coração humilde consegue resistir aos impulsos de competição e rivalidade e, em vez disso, edifica a comunidade com espírito submisso e reconciliador.
8. O Tipo Certo de Competição
O conceito de competição em um contexto cristão deve ser completamente reformulado, direcionado não para as pessoas ou para a autoglorificação, mas para o combate espiritual, onde o oponente é o pecado, a nossa natureza caída, e as forças espirituais do mal.
8.1. Competição Contra o Pecado: A Luta Pessoal pela Santidade
A verdadeira batalha do cristão é contra o pecado que tenta controlar o coração e a mente. Paulo exorta os crentes a "mortificar as obras da carne" (Romanos 8:13), o que implica uma luta contínua e disciplinada contra inclinações e desejos que se opõem à vontade de Deus. Essa é uma competição interna, uma corrida pela santificação, onde o objetivo é nos tornarmos mais semelhantes a Cristo, diariamente vencendo o orgulho, a inveja, a ira, e os demais impulsos carnais que tentam nos afastar do amor de Deus (Colossenses 3:5-10).
8.2. O Verdadeiro Oponente: As Forças Espirituais do Mal
Em Efésios 6:12, Paulo afirma que "nossa luta não é contra carne e sangue", mas contra "os poderes das trevas deste mundo" e as "forças espirituais do mal nas regiões celestiais". Esse versículo ressalta que a verdadeira oposição do cristão não é contra outras pessoas, mas contra influências espirituais malignas que tentam dominar pensamentos, decisões e até atitudes. Essas forças tentam desviar o foco, introduzindo sutilmente sentimentos de rivalidade, divisão e desobediência. Assim, o cristão precisa desenvolver a habilidade de discernir o que é humano e o que é espiritual, combatendo, em oração e submissão a Deus, tudo aquilo que provém do maligno.
8.3. Competindo com Propósitos Eternos em Mente
Em vez de competir com irmãos de fé, o cristão é chamado a "competir" com perseverança em direção à meta da vida eterna. Paulo compara a vida cristã a uma corrida, onde devemos correr para obter a coroa incorruptível (1 Coríntios 9:24-25). Nessa corrida, todos os que perseveram e são fiéis recebem o prêmio, e a motivação é o amor a Deus e o desejo de Sua glória. A competição não é mais para superar outros, mas para resistir aos obstáculos espirituais e à tentação do pecado, mantendo a fidelidade até o fim (Hebreus 12:1-2).
8.4. A Vitória que Realmente Importa
A vitória do cristão é definida pela sua fidelidade a Deus e sua submissão a Cristo, não pela conquista de reconhecimento ou superioridade sobre outros. Em Apocalipse 3:21, Jesus promete que "ao que vencer" Ele concederá o privilégio de sentar-se com Ele em Seu trono, uma recompensa eterna para aqueles que perseveram e não desistem diante das batalhas espirituais. Isso implica que o verdadeiro vencedor é aquele que permanece fiel, que compete com disciplina contra o pecado e que batalha espiritualmente em favor da glória de Deus.
Conclusão
A verdadeira competição cristã é uma luta pela santidade, pela fidelidade ao chamado de Deus e pela resistência contra as forças malignas. Esse tipo de competição exige humildade, dependência de Deus e amor fraternal, transformando a igreja em um campo de apoio mútuo e crescimento espiritual, onde cada irmão luta não para superar o outro, mas para vencer as armadilhas do pecado e ajudar o próximo a fazer o mesmo. É um tipo de competição onde todos podem ser vencedores, pois o prêmio é a vida eterna em Cristo, concedida a cada um que vencer.
Que possamos nos revestir da humildade e amar uns aos outros com um amor sincero, para que, juntos, possamos glorificar a Deus e testemunhar Seu amor ao mundo, expandindo o Reino de Deus nesta terra.
Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém.