O Propósito do Pentecostes

26/05/2024

No dia de Pentecostes comemoramos a chegada do Espírito Santo em nosso meio (Atos 2:1-4). Este dia histórico, único, não repetível, foi o dia em que os crentes começaram a proclamar as Boas Novas de que "Deus enviou Jesus, aquele que foi crucificado, Senhor e Cristo" (Atos 2:36).

Essa proclamação poderosa dos discípulos de Jesus foi pública e perturbadora em toda Jerusalém. Isso fez com que as pessoas ali prestassem atenção nos mensageiros (Atos 2:5-8) e isso enfraqueceu o controle e a influência de uma elite religiosa sobre as massas (Atos 2:42,42-47; 4:1-4).

Essa proclamação ungida transformou os mensageiros, de um grupo anônimo, tímido e sem destaque social (Lc 22,61-62; 24,5-12; 36-42) em um grupo especial que chamou a atenção de todos que estavam por perto.

Antecedentes do Pentecostes

Atos 2 aconteceu na época do feriado judaico de Pentecostes, conhecido como Festa das Semanas. Este feriado ocorre 50 dias após a Páscoa dos judeus.

No judaísmo antigo, o dia de Pentecostes era um feriado agrícola, celebrando a colheita do trigo (Jeremias 5:24, Deuteronômio 16:9-11, Is 9:2). Naquele tempo os primeiros frutos da colheita eram apresentados a Deus no Templo e os israelitas celebravam em refeições comunitárias e festividades (Lv 23:9-14; Nm 28:26; Êx 23:16). Deus dava uma boa colheita a Israel e os judeus agradeciam apresentando-lhe as primícias, os primeiros frutos.

Na época de Jesus e dos discípulos no primeiro século, judeus que viviam dentro e fora de Israel, viajavam anualmente à Jerusalém para a celebração.

Como judeus fiéis, os discípulos de Jesus também se reuniram em Jerusalém (Lc 24,52-53; At 1,12). Mas, desta vez o propósito dos discípulos não era apenas observar o dia da festa judaica. Eles aguardavam a promessa de Jesus. Os discípulos se reuniram em obediência às palavras que Jesus havia dito antes de subir ao céu: "Todos vocês receberão poder quando o Espírito Santo vier sobre vocês; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da a terra" (Atos 1:8).

Observe que a vinda do Espírito em Atos 2:4, não é um momento silencioso, de quietude e de contemplação, mas um momento de um som veemente e impetuoso e de sinais de maravilhas celestiais.

Três Pontos de Foco nos Três Sons de Atos 2:1-21

Ponto 1 - Primeiro, há um som semelhante ao de um vento violento (Atos 2:2). Lucas descreve a descida de línguas de fogo sobre cada pessoa como sinal da presença de Deus (Atos 2:3). Naquele momento, Deus está presente entre o seu povo na pessoa do Espírito Santo (Êxodo 19:18, 24:17; 1 Reis 18:38;19:11-13).

Ponto 2 - Em segundo lugar, os discípulos ficam cheios do Espírito Santo e começam a falar em outras línguas, alcançando pessoas de outras nações que estavam em Jerusalém (Atos 2:4, 6). É uma recordação da torre de Babel em que o resultado do orgulho humano unificado foi a confusão e a difusão da linguagem (Gn 11:1, 4, 6-9). Agora muitas línguas são o resultado da humildade humana unificada, da oração fiel e da presença de Deus (Atos 2:16-21).

Ponto 3 – Terceiro, o som das línguas vai além da comunidade dos crentes. Parece que isso traz diferentes povos juntos (Atos 2:8-11). O poder da linguagem ungida atrai a atenção dos diversos povos presentes em Jerusalém. A mensagem na língua nativa de cada povo prende-lhes a consciência (Atos 2:5-6).

Naquele barulho havia coerência (Atos 2:5-8) e clareza. Naquele barulho houve uma mudança de perspectiva porque havia uma mensagem celestial na instrumentalidade humana, focada aos corações e houve um fluir do poder divino que transformou milhares de vidas. Foi um poder que mudou a história religiosa de Jerusalém e que se espalhou por toda a terra.

Os primeiros discípulos obedeceram fielmente as palavras de Jesus e os resultados foram tremendos.

  • Primeiro: Ficaram em Jerusalém até que fossem revestidos do poder do Alto.
  • Segundo: Depois de enchidos pelo Espírito, passaram a dar testemunho de Jesus Cristo às pessoas presentes em Jerusalém.

Nós, povo desta comunidade, também somos um povo que crê no Pentecostes, que tem sua origem e história marcadas pelo Pentecostes... Mas, dia a dia nos afastamos dos propósitos do Pentecostes.

O batismo com o Espírito Santo e o ser cheio do Espírito Santo não são mais desejados como antes e quando buscamos essas experiências, visamos apenas benefício próprio.

  • 1º: Queremos o falar em línguas somente como uma maravilha encantadora que nos enche de gozo espiritual;
  • 2º: Queremos ser cheios do Espírito, mas apenas para fortalecimento próprio; não testemunhamos de Cristo às pessoas.

Quais as consequências?

  • Do lado de cá há um povo apagado, sem brilho de vida, sem poder espiritual no que fala e faz.
  • Do lado de lá as multidões estão alienadas, sem direção, esperando algo que não sabem o que é, mas que possa dar direção e significado.

Que som estamos ouvindo nas ruas? Que barulho é ouvido hoje em nossa cidade, estado e nação? Onde está aquele som veemente e impetuoso do Céu? Onde estão as línguas de fogo?

Quando a igreja silencia, a humanidade ouve somente as narrativas do Inferno.

O som veemente e impetuoso do Espírito Santo, quando vem do Céu à Terra, deixa claro que o fenômeno é sobrenatural, divino, celestial. Uma mensagem de Deus para o homem. Assim acontece quando levamos o Evangelho às pessoas na unção do Espírito Santo.

Na maioria das congregações cristãs há barulho sim, mas o som impetuoso, antes do Espírito, agora é nosso. Pregamos humanismo, psicologia, mensagem motivacional e a nós mesmos. Os resultados são "humanamente modificados", confusos, totalmente diferentes do Pentecostes.

A Linguagem de fogo apagou-se em quase todos os corações; em outros resta apenas uma "torcida que fumega" (pavio da lamparina com fumaça apenas). Isso precisa mudar urgentemente.

A Aplicação

Somos um povo pentecostal. Atos 2 nos lembra que encontramos as mesmas Boas Novas do derramar do Espírito na vida dos discípulos que estavam em Jerusalém.

Estamos comprometidos com um poder pentecostal que nos envia como mensageiros "dos atos poderosos de Deus" (Atos 2:11).

Não queremos anular e nem mesmo enfraquecer o chamado do Pentecostes:

  • Anulamos o chamado do Pentecostes quando queremos apenas o que é confortável e não desejamos ser batizados ou cheios do Espírito Santo para testemunhar de Cristo a esta geração alienada e egoísta.

  • Enfraquecemos o chamado do Pentecostes quando queremos o poder de Deus apenas para benefício próprio.

Conclusão

Lembre-se do impacto do Pentecostes, dos feitos, da repercussão. Agora conscientize-se: Somos um povo pentecostal! Temos um chamado e uma missão que foi confirmada no Dia de Pentecostes e que vem ressoando através dos séculos, pela instrumentalidade de servos de Deus ungidos pelo Espírito Santo que pregaram mensagens poderosas e que realizaram grandes atos de Deus em suas gerações.

Veja os desafios ao nosso redor...

• Que som estamos ouvindo nas ruas? Onde está aquele som veemente e impetuoso do Céu? Onde estão as línguas de fogo?

• Esta mensagem exige mais do que uma reflexão profunda; ela aponta o caminho a seguir enquanto é tempo. Deixe de ter uma vida apagada, que não ilumina ninguém e não transforma vidas.

Queremos viver no Espírito, andar no Espírito e ter a vida cheia do Espírito para levar a palavra e a presença de Deus às pessoas.

Sim, o fogo do Espírito Santo não vem apenas nos incendiar do poder do Alto, mas também alcança todas as pessoas que têm o privilégio de estar perto de nós.

O nosso desejo e oração é que você seja cheio do Espírito Santo, tenha outra mentalidade, passe a falar uma nova linguagem, e tenha um novo comportamento. Queira ser uma testemunha poderosa de Jesus Cristo nesta terra; queira ser um mensageiro de Deus nesta geração. Queria iluminar vidas, levar a presença e o poder de Deus às pessoas.

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!