O Precedente Motivador da Obediência

15/06/2025

Por que Falhamos em Obedecer a Deus?

Escrituras: Lucas 15:11-24


Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele. Hebreus 10:38.

Em nossa jornada cristã, uma das maiores lutas que enfrentamos é a dificuldade em confiar plenamente em Deus. A prova disso é a nossa desobediência constante às Sagradas Escrituras.

Deus fala e o faz claramente, mas em vez de obedecermos, preferimos fazer as coisas do nosso jeito. A questão central não é se a Palavra de Deus é clara e confiável, mas porque temos tanta dificuldade em caminhar em obediência ao que Deus diz.

Edward Welch, PhD em Aconselhamento Bíblico, em seu livro "Quando as Pessoas São Grandes e Deus é Pequeno", aborda esta questão fundamental. Ele aponta para a tendência humana de temer mais ao homem do que a Deus, colocando nossa própria sabedoria acima da divina. Esta postura nos leva à desobediência, como visto na queda de Adão e Eva, que, ao desconfiarem da bondade de Deus, optaram por seguir seus próprios desejos e caminhos.

O que Welch aborda em seu livro é algo real diante dos nossos olhos, mas bem diferente da percepção de João Batista:

É necessário que ele cresça e que eu diminua. Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos - João 3:30-31.

Isso parece nos levar a uma segunda pergunta sobre o tema: Por que nos consideramos tão grandes ao ponto de diminuirmos ou até mesmo invalidarmos a grandeza Deus? Por que colocamos a nossa vontade acima da vontade de Deus?

I. A Semente da Desconfiança: A Queda e Suas Consequências

A narrativa de Gênesis 3 oferece uma reflexão poderosa sobre como a desconfiança pode se infiltrar em nossos corações. Antes mesmo de Adão e Eva comerem do fruto proibido, já havia uma falha interna: a falta de confiança plena em Deus e em Sua Palavra. A serpente, astuta, semeou a dúvida ao questionar a verdade de Deus: "É verdade que Deus disse que não comerão de nenhum fruto do jardim?" (Gênesis 3:1). Essa semente de desconfiança germinou nas mentes de Adão e Eva, levando-os a questionar a bondade e a intenção divina.

Quando a dúvida se instala em nosso ser e não é tratada com humildade, submissão e uma busca sincera pela verdade na fonte — que é Deus —, corremos o risco de agir como se fôssemos capazes de discernir a realidade por conta própria. Ao fazermos isso, nos colocamos em uma posição de suposta sabedoria, acreditando que podemos julgar melhor do que o Criador. Essa postura não só nos afasta da verdade, mas também nos leva a desobedecer, assim como fizeram nossos primeiros pais.

Cada vez que ignoramos a voz de Deus e Sua orientação, repetimos o erro de Adão e Eva. A desconfiança gera um ciclo de desobediência, que nos distancia do plano divino para nossas vidas. Em vez de confiarmos em Sua Palavra, buscamos nossas próprias certezas, o que resulta em consequências dolorosas e em um afastamento do caminho que Ele preparou para nós.

Portanto, é vital que cultivemos uma confiança inabalável em Deus. Precisamos reconhecer a fragilidade da nossa compreensão e nos submeter à Sua sabedoria, buscando a verdade nas Escrituras. Somente assim conseguiremos erradicar a semente da desconfiança e viver em plena comunhão com o Criador.

II. O Que Mais Gera a Desconfiança?

Diversos fatores podem contribuir para nossa desconfiança em relação a Deus: as vozes do mundo, as influências culturais, as seduções da carne, etc. Entretanto, a causa primaz dessa desconfiança está profundamente enraizada na falta de um verdadeiro conhecimento relacional de Deus.

Em Deuteronômio 10:12-13, encontramos a resposta: "Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames…". Aqui, três palavras-chave emergem: *temor*, *amor* e *obediência*. Tomemos um tempo para refletir sobre cada uma delas:

1. Temor: O temor do Senhor nos lembra de Sua majestade e santidade. Este respeito gera humildade e submissão, fazendo-nos reconhecer que, em Sua grandeza, não podemos nos colocar acima de Deus.

2. Amor: Amar a Deus vai além de uma obediência mecânica; trata-se de um relacionamento profundo e sincero que nos motiva a seguir Seus mandamentos. Como diz 1 João 4:19, "Nós amamos porque ele nos amou primeiro".

3. Obediência: A verdadeira obediência flui do temor e do amor. Quando reconhecemos quem Deus é e O amamos, nossa disposição em obedecer a Sua Palavra se torna uma alegria e não um fardo.

Qual o precedente motivador da desobediência de Adão e Eva?

  • Comunhão relacional (reverência e amor) insuficiente para vencer as dúvidas, seduções, tentações e adversidades propostas por Satanás.

Qual o precedente motivador da obediência de Jesus Cristo?

  • Comunhão profunda com o Pai celeste.

III. Conhecimento Relacional: O Antídoto para a Desconfiança

Amós 3:3: Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo.

Amós diz que duas pessoas só podem caminhar juntas se estiverem alinhadas em pensamento, propósito ou convicção. No contexto do livro de Amós, o profeta estava transmitindo uma mensagem de julgamento de Deus contra Israel, mostrando que a relação entre Deus e Seu povo exigia obediência e alinhamento com Sua vontade

O verdadeiro conhecimento de Deus é vital para superar a desconfiança. Esse conhecimento não é meramente intelectual, mas uma experiência relacional com o Senhor. João 17:3 define a vida eterna como conhecer "o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". Quanto mais nos aprofundamos nesse relacionamento, mais confiantes nos tornamos em Sua Palavra. Ao orarmos, louvarmos, comungarmos em Sua presença, de forma sistemática e perseverante, refletirmos sobre a Sua palavra, estamos dando espaço para Deus falar em nossas vidas. Daí começamos a perceber que Seu caminho é sempre o melhor.

Como diz Oséias 6:3: "Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR". Este convite nos instiga a buscar uma comunhão contínua com Deus, reconhecendo que, quanto mais O conhecemos, mais somos transformados em Sua imagem e semelhança.

Respondendo à pergunta no início desta reflexão: Por que colocamos a nossa vontade acima da vontade de Deus? Respondemos: Por que nos falta um conhecimento relacional profundo com relação a Deus e a Cristo. O nosso cristianismo é raso e não profundo.

Quando verdadeiramente O conhecemos temos o cumprimento de 1 Coríntios 6:17:

Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele. 1 Co 6:17.

E o que nos leva a esta união: o amor, o vínculo da perfeição.

E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. Colossenses 3:14.

Conclusão

Desde a queda no Éden, todos temos lutado contra a inclinação a desconfiar de Deus e de Sua Palavra. Essa luta continua a se manifestar em nossas vidas quando tentamos manipular ou distorcer Suas verdades. Precisamos lembrar que a verdadeira confiança em Deus resulta de um profundo temor e amor que nos levam à obediência. Ao cultivarmos um relacionamento íntimo com o Senhor, seremos capacitados a confiar Nele integralmente, a nos submeter à Sua Palavra e a andar em obediência com alegria e gratidão.

Que possamos nos render à Sua Grandeza e Majestade e permitir que Ele ocupe o lugar que deve ter em nossas vidas. Portanto, ao enfrentarmos as tentações da dúvida e da desconfiança, lembremos das promessas de Deus: "Nunca te deixarei, nunca te desampararei" (Hebreus 13:5). Ao reconhecer Seu amor incondicional por nós, encontraremos a força para acreditar em Sua bondade e direção, seguindo Seus caminhos com confiança e coragem.

É preciso empenho, dedicação, esforço para conhecer mais a Deus, buscando uma proximidade capaz de transformar e fortalecer nossa fé. Que cada passo dado em obediência seja um ato de amor e um testemunho do nosso Total e completo compromisso com Aquele que é fiel hoje e sempre.

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!