Deus e a Igreja na Dança da Vida

23/08/2021

Introdução

Triunidade é a subsistência de Deus em três pessoas: PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO. São três pessoas coeternas, com funções diferentes, mas uma em natureza, caráter e propósito.

A doutrina da trindade (do latim trinitas = "triunidade" ou "três-em-unidade") nos ensina que existe um Deus, em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo, em uma única essência divina.

A doutrina da Trindade é talvez a doutrina mais misteriosa e difícil que encontramos nas Escrituras. Por isto, é uma insensatez afirmar que podemos dar uma explicação completa a mesma.

A palavra "triunidade" não aparece nas Escrituras Sagradas, o termo foi criado para expressar uma afirmação encontrada em toda a Bíblia: a de que Deus subsiste eternamente em três pessoas distintas e co-iguais. (Dt 6:4; Tg 2:19).

Nosso objetivo aqui é mostrar aqueles que acreditam na doutrina da trindade, mas têm dificuldade em entender e em explicar, uma maneira mais simples e compreensível sobre a doutrina, sem a perda da essência e da profundidade que o assunto requer.

O que a Bíblia diz sobre Deus?

1-Só existe um Deus. Is 45:5; Jo 17:3; Rm 16:27; 1 Tm 1:17

Isaías 43: 10 Vós sois as minhas testemunhas, de YAHWEH , e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.

2-O Pai é Deus. Mt 6:9; Fp 1:2; Ef 6:23; Tt 1:4; 2 Jo 1:3.

3-O Filho é Deus. At 20:28; 1Tm 3:16; Tt 2:13; Jo 1:1.3; Cl 2:9; 2Pe 1:1; Rm 9:5 Fp 2:6; Ap 22:13.

4-O Espirito Santo é Deus. At 5:4,5; At 28:25-28; 1Co 3:16; 2Co 3:17; Hb 9:14.

Se há um só Deus, como três distintas personalidades - Pai, Filho e Espírito Santo - podem ser o Deus único?

Se o Pai não é o Filho, e o Filho não é o Espírito Santo e se essas três pessoas não podem ser confundidas como títulos ou figuras de linguagem e nem como termos utilizados para tratar de modalidades de atuação de um único ser divino, a dedução sintética das afirmações acima é que Só existe um Deus e Ele é um Ser tripessoal, formado pelas pessoas distintas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ao qual temos chamado de Trindade.

Existe um só Deus em três pessoas. O ETERNO coexiste em três pessoas:

  • o pai é totalmente Deus,
  • o Filho é totalmente Deus
  • e o Espírito Santo é totalmente Deus.

Convém esclarecer que encontramos problemas de inadequação em relação aos conceitos e às palavras, quando procuramos descrever a co-existência das três pessoas da Trindade. Sendo assim, o estudo desse tema tão relevante e inescrutável pelo simples saber humano deve ser revestido de humildade. Nesta reflexão enfatizamos que Deus não pode ser abarcado pelo entendimento humano nem descrito com linguagem humana, pois o ETERNO é incompreensível e indescritível, exceto no que as Escrituras Sagradas nos revelam.

Há uma maneira de entendermos melhor esta doutrina? Sim.

A palavra que descreve melhor a relação dinâmica do Pai, do Filho e do Espírito Santo é Perichoresis (Gr. Peri= "em torno de"; corese = "dança"). A dança da vida. O significado de Pericorese certamente nos ajudará a ter uma visão melhor dessa doutrina.

O uso mais antigo da palavra perichoresis foi encontrado em um manuscrito atribuído a Cirilo de Alexandria (375 a 444 d.C.). Posteriormente em 749, São João Damasceno, um teólogo cristão sírio, sintetizou as doutrinas de Cirilo e trouxe à proeminência como um termo teológico.

Pericorese é uma expressão que designa uma potência dinâmica e voluntária, na qual cada pessoa da divindade - O Pai, o Filho e o Espírito Santo - , mantendo a sua identidade distinta, manifesta uma comunhão eterna recíproca. Há uma relação interpenetrante profundamente divina e espiritual entre o Pai, o Filho e o Espírito.

Pericorese fala da comunhão eterna e absoluta entre as três pessoas da Trindade, refletindo um processo de reciprocidade ativa. Cada pessoa da Trindade pertence às demais. As três se relacionam e se refletem mutuamente.

Pericorese - onde uma pessoa da divindade está, as outras também estão.

"Quem vê a mim, vê o Pai...não credes que estou no Pai e que o Pai está em mim?" João 14.10 - contem e está contido (Mt. 28.20; Jo 14.18,23).

Unidade & Coexistência.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo possuem uma única substância de onde deriva a unicidade de operações e atributos. O Pai, o Filho e o Espírito Santo, coexistem, estão unidos, porém não se confundem (Jo 14:10).

Pai é fundamentalmente um conceito de relação. Somente em sua contraposição às demais Pessoas (Filho e Espírito Santo) ele é Pai, mas em seu próprio ser, Ele é sim simplesmente Deus. Pai, Filho e Espírito Santo coexistem (simultaneamente e originalmente), sempre mutuamente implicados e relacionados.

Pai, Filho e Espírito Santo distinguem-se entre si só pelas relações de origem: O Pai gera o Filho, doando-se a Ele, entregando-Lhe Sua substância e Sua natureza; não em parte como acontece com a geração humana, mas perfeita e infinitamente. O mesmo é dito acerca do Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho. O Espírito Santo Procede de ambos, porque é o dom eterno e incriado que o Pai entrega ao Filho, gerando-o, e que o Filho devolve ao Pai como resposta a Seu Amor.

O Pai Criador, o Filho-Verbo e o Espírito Sustentador, conquanto pessoas distintas, compartilham eternamente a essência da divindade. O Pai está todo no Filho e no Espírito Santo; O Filho está todo no Pai e no Espírito Santo; e o Espírito Santo está todo no Pai e no Filho.

  • Na criação, o Pai Criador está no centro, mas em torno dele estão o Espírito como energia da criação e o Filho como Verbo da vida.
  • Na encarnação é o Filho que está no centro, e ao seu redor estão: o Pai, que o envia e o chama, e o Espírito, que o assiste e lhe dá inspiração.
  • No tempo da Igreja e consumação da criação é a vez de o Espírito estar no centro, enviado pelo Filho, que está junto do Pai, para que configure este mundo à imagem do Filho e assim seja entregue ao Pai .

As três pessoas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) têm a unidade tanto por sua relação própria, como por sua relação com as outras. Assim dizemos que o Filho está no Pai e no Espírito e que o Espírito está no Pai e no Filho e o Pai está no Filho e no Espírito, sem nenhuma mistura ou confusão. Um e idêntico é o movimento de ambas as pessoas. Por isso, Jesus disse a Felipe que quem O viu, viu o Pai (Jo 14: 6), posto que Ele e o Pai são Deus (cfr. Jo 10, 30 e 17, 21).

No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Jo 1:1

É interessante notar que o SENHOR JESUS disse três vezes "Eu estou no Pai, e o Pai está em mim" - (Jo 10.38; 14.10,11).

Nossa vida em Deus

Deus é amor (1 Jo 4:16) e essa ação pericorética entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo é uma ação de amor que não está fechada em si, mas é aberta a todos nós. Sim, sendo Deus uma eterna comunicação de Amor, é compreensível que esse Amor se extravase fora d'Ele em seu agir.

A comunhão trinitária não constitui um círculo fechado, mas aberto ao homem. A vontade no coração do Pai para com toda a humanidade é totalmente exibida em Cristo, onde toda criatura é chamada para esta vida divina, gloriosa e ainda misteriosa.

Esse reconhecimento é possível porque sabemos que O Pai enviou, o Filho e o Espírito Santo, para que se fizessem presentes entre os homens (Jo 3, 16-17 e 14-26).

Quando você estuda o capítulo 17 do Evangelho de João, encontramos na oração sumo sacerdotal do SENHOR JESUS, a revelação do mistério da vida interior, e nestas profundezas misteriosas entendemos que a obra da salvação foi preparada e realizada em segredo e em silêncio e que nós fomos incluídos nessa pericorese de eterna glória:

Jo 17:21 - Para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.

Deus quer que os homens constituam um só corpo com Ele mesmo, sendo filhos através de Jesus. Sim, o acesso ao Pai só se pode encontrar em Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo14, 6).

A intenção de Deus de redimir, desde a eternidade, um povo para si mesmo, deve certamente ser afirmada. Antes da fundação do mundo, Deus estabeleceu com seu povo uma aliança de amor por meio de Cristo.

Ef 1.4-6: "assim como nos escolheu Nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de JESUS CRISTO, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que Ele nos concedeu gratuitamente no Amado". (2 Tm 1:9).

A missão de Jesus Cristo nesta terra era de caráter duplo: Cumprir a Lei de Deus e morrer pelo pecado de Seu povo. Jesus teria que ganhar a justiça decorrente da lei e sofrer a penalidade decorrente do pecado do povo.

Jesus não veio criar uma nova raça de seres humanos, mas, por seu sacrifício, tornou possível aos que nele creem o poder de serem feitos filhos de Deus. Jo 1:12. Portanto, o vínculo do crente com Jesus Cristo não é racial, mas espiritual, mediante o novo nascimento pela fé. ( Ef 1:13).

E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Gl 4:6

Jo 14:23 - Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.

Conclusão

E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. 1 Co 15:28.

O Espírito Santo leva-nos a crer e pessoalmente a participar da Sua verdadeira processão, onde nós provamos o relacionamento mais real e verdadeiro que existe com Deus e Cristo.

Jo 14: 23 Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.

Ef 2: 22 no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.

1 Co 6: 17 Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele.

Aqui se encontra o fundamento último do valor da vida de cada ser humano. Não há nada do ponto de vista do conhecimento que seja maior do que isso.

Contemplar a verdadeira vida além do véu da eternidade constitui o maior privilégio para o conhecimento humano. Não há nada do ponto de vista do conhecimento que seja maior do que isso. Esse descortinar da revelação divina deve ser para nós, filhos de Deus, motivo de grande júbilo e de profunda e honrosa adoração ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito.

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!