Comunhão Integral

21/11/2021

Introdução

Em tempos de crise o ajuntamento dos filhos de Israel era de tal forma que a Bíblia diz que os judeus se levantavam "como se fossem um só homem" (Jz 20.1). Eram 12 tribos que se uniam de forma notória pelo bem comum. Mas, a unidade de Israel não pode ser comparada com a existente na Igreja de Cristo. A comunhão visível na Igreja de Cristo é o "vínculo de unidade fraternal mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos de todas raças, tribos e nações, sentirem-se um só corpo em Jesus Cristo". Ef 4:5.


Somente pelo Espírito Santo podemos compreender a unidade de judeus, árabes, gregos e bárbaros que, apesar de suas diferenças culturais e étnicas, não apenas sentem-se e agem como irmãos, mas acham-se espiritualmente vinculados num só corpo pela ação direta e distintiva do Espírito Santo.

· A Bíblia nos ensina o caminho da comunhão com os irmãos de fé.

Ainda que estejamos sob o domínio do Espírito Santo, temos uma natureza propensa à desobediência, individualidade, rebelião, insubordinação e outros sentimentos e comportamentos nocivos à unidade e comunhão cristã. Daí as orientações bíblicas no sentido de nos instruírem sobre a necessidade de zelarmos pela preservação da unidade da igreja e da comunhão com os irmãos. Sobre este assunto analisaremos alguns Princípios que, aplicados, podem promover e desenvolver a unidade e a comunhão dos santos.

A regra geral é:

Honrai a todos. Amai aos irmãos. Temei a Deus. Honrai ao rei. (1 Pedro 2:17).

Além deste princípio bíblico há outros sete que merecem a nossa preciosa atenção:

1. Recebei-vos uns aos outros (Romanos 15:7)

"Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus."

Da mesma maneira, e com a mesma afeição cordial, como Cristo nos recebeu em comunhão consigo mesmo, e nos fez participantes de bênçãos inestimáveis. E como Cristo nos recebeu assim para a glória de Deus, nós devemos receber um ao outro cordialmente, para que a glória de Deus seja promovida por nossa harmonia e amor fraterno.

Apesar de diferentes julgamentos sobre certas observâncias, como domésticos da fé, devemos deixar de lado toda distinção, frieza e reserva, na relação fraternal, seguindo o exemplo de Cristo para conosco.

Se eu fui recebido (por Cristo) com amor, devo receber os meus irmãos, igualmente com amor.

2. Considerai-vos uns aos outros (Hebreus 10:24)

"E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras".

Os judeus consideravam uma grande indignidade que os gentios fossem iguais a eles. É preciso valorizar a todos, pois Deus estava reunindo em Sua igreja, tanto judeus quanto gentios.

Quanto as diferenças, os cristãos devem manifestar respeito, compreensão e amor; enfatizando sempre os pontos convergentes com simpatia e gentileza, promovendo um estímulo à prática do amor e das boas obras.

3. Edificai uns aos outros (Romanos 14:19)

"Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros".

As palavras "paz e edificação" estão intimamente unidas. Longe de discutir assuntos discordantes e conflitantes, vamos nos esforçar ao máximo em promover a paz e a unidade, a fim de que possamos ser instrumental na edificação mútua, em vez de sermos obstáculos no caminho um do outro.

O crente deve seguir com as coisas que promovem a paz e as questões com as quais pode edificar os outros.

4. Suportai-vos uns aos outros (Efésios 4:2)

"...com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor".

A igreja é formada de pessoas imperfeitas e pecadoras, apesar de serem crentes dedicados.

Suportar uns aos outros é suportar de forma graciosa aquelas atitudes que consideramos desagradáveis e até ofensivas da parte de nossos irmãos na fé.

Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. - Efésios 4:1 - 3.

Note que para sermos capazes de "suportar uns aos outros" precisamos conseguir, da parte de Deus, as seguintes qualidades espirituais:

• Humildade, mansidão e longanimidade.

Portanto, a obediência a este mandamento depende do desenvolvimento destas qualidades.

Deus é paciente para conosco, e Ele nos ama como nós somos, independente dos nossos pecados e fraquezas. Nós também devemos imitar nosso Deus e suportar nossos irmãos em Cristo com suas fraquezas e pecados.

Quando obedecemos a este mandamento nós contribuímos para a manutenção tanto da unidade quanto da paz no seio da igreja.

5. Admoestai-vos uns aos outros (Romanos 15:14)

"Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros".

Cada um deve demonstrar que tem interesse em afastar seu irmão do pecado e cada cristão assim em perigo deve estar disposto a ouvir a gentil exortação de um irmão que lhe deseja o bem.

Paulo disse aos cristãos em Roma: Vocês estão habilitados a exortar. Ou seja, vocês estão tão plenamente cheios de bondade e instruídos nos princípios cristãos, a ponto de poderem dar conselhos e exortações, se necessário.

Neste versículo, podemos aprender,

  • Que, precisamos ter as qualificações necessárias para darmos conselhos ou exortações aos nossos irmãos.
  • Quando é nosso dever dar instruções, advertências ou conselhos, o processo deve ser de maneira (re)conciliatória; não com dureza, ou com a severidade da autoridade.

Paulo, quando foi preciso reprovar o comportamento de alguns cristãos, ele o fez, com ternura e lágrimas. Quando ele "podia" elogiar, ele preferia; e nunca hesitou em dar-lhes crédito na medida em que isso pudesse ser prestado.

Algumas qualificações são necessárias para quem faz advertências e exortações. A primeira é a bondade, que dispõe seu coração para ajudar seus irmãos por seus conselhos, e também tempera seu semblante, atitudes e palavras. E a segunda é a habilidade em saber aconselhar, que lhe garante autoridade e capacidade de beneficiar as pessoas a quem se dirige.

Aqueles que estão bem qualificados para advertir os outros - devem exercer a admoestação com sabedoria e graça.

6. Sujeitai-vos uns aos outros (Efésios 5:21)

"Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus".

Submetendo-se um ao outro - Deus nos uniu tão fortemente um ao outro que nenhum homem deve tentar evitar essa unidade que inclui o amor, cooperação e sujeição.

Devemos mostrar o devido respeito e deveres relativos aos irmãos, em qualquer posição que se encontrem. Lembrar que a fé de modo algum nos dispensa desses deveres. O princípio geral é manter a devida subordinação nas várias relações da vida. O significado geral aqui é que o cristianismo não rompe as relações da vida; ele não produz desordem, ilegalidade e insubordinação. O cristianismo confirma toda autoridade apropriada e torna cada jugo mais leve.

7. Amai-vos uns aos outros (Romanos 12:10)

"Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros."

Seja gentilmente afetuoso - com amor fraternal.

João 13: 34-35: "Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se amardes uns aos outros".

Demonstre respeito ou honra. Cada um deve dar honra a seus irmãos e não a si mesmo. Assim, todos se esforçam por bondade mútua para promover a felicidade da comunidade cristã.

Amor fraternal é aquela consideração afetuosa que todo cristão deve sentir pelo irmão de fé.

Quando William Penn, de memória famosa, fez um tratado com os índios na América do Norte e comprou deles um grande trecho arborizado, que, segundo sua própria natureza e seu nome, ele chamou de Pensilvânia. Ali ele construiu uma cidade e a povoou com cristãos de sua própria denominação e chamou a cidade de Filadélfia; uma denominação que ele carregava com profundo amor.

A palavra significa aquele carinho terno e indescritível que uma mãe carrega para o filho e unida à fé significa um deleite. Sinta a mais terna afeição um pelo outro, e deleite por sentir isso. "Ame um irmão cristão com o carinho de um irmão natural"

Considere os seus irmãos como mais dignos do que você e não deixe que a tristeza afete o seu coração ao ver alguém honrado e a si mesmo negligenciado. Esta é uma lição difícil, e poucas pessoas conseguem aprendê-la completamente. Não temos objeções à elevação de outros, desde que possamos estar à frente. Mas quem pode suportar ser o que o apóstolo chama de "negligenciado"???.

Não espere pela honra dos outros, mas seja o primeiro a concedê-la.

· Níveis de Comunhão

A comunhão faz parte da vida cristã e está inserida no relacionamento fraternal dos santos, mas convém lembrar que há níveis de comunhão e esta realidade é observada no ministério de Jesus Cristo.

Nível de Comunhão: Comunitário/Agrupamento (Exercia com várias pessoas)

Nível de Comunhão: Congregacional (70 discípulos)
Nível de Comunhão: Discipulado/Apostolado (12 pessoas)
Nível de Comunhão: Intimidade (exercia com 03 apóstolos)
Nível de Comunhão: Afinidade (exercia com 01 apóstolo)

No nível de agrupamento: Jesus curou enfermos, paralíticos, cegos, surdos....mas Jesus não tinha intimidade com as pessoas desse grupo;

No nível congregacional: Jesus escolheu 70 discípulos que foram enviados para pregar o Evangelho integral pelas aldeias de Israel (Lc 10:1);

No nível de discipulado: Jesus escolheu 12 apóstolos; todos eles tiveram as mesmas oportunidades, mas nem todos eram íntimos de Jesus( Mc 3:16);

No nível de intimidade Jesus tinha 3 apóstolos mais próximos: Pedro, Tiago e João (Mt 17:1);

No nível de afinidade, dos três apóstolos mais íntimos Jesus tinha maior ¹conformidade com João (Jo 13:23).

¹Afinidade: Conexão, compatibilidade, conformidade.

  • Em que nível de comunhão você está com as pessoas não convertidas?
  • Em que nível de comunhão você está com os irmãos de sua igreja?
  • Em que nível de comunhão você está com o seu grupo ministerial?
  • Em seu ministério, você tem uma comunhão maior com um grupo mais próximo?
  • Neste grupo mais próximo há alguém que você tenha conformidade ou afinidade em comunhão?

Conclusão

Amados irmãos, a comunhão da Igreja não é um mero ajuntamento social, é o relacionamento fraternal dos fiéis, sob a ação do Espírito Santo e isso é do agrado de Deus. O SENHOR quer e exige que seu povo permaneça unido (1 Co 1.10). Em sua oração sacerdotal, o Senhor Jesus roga ao Pai pela unidade de seus discípulos (Jo 17.11). A Bíblia nos fornece instruções preciosas que nos ajudam a manter a unidade e a comunhão no meio cristão.

Estejamos, pois, sempre alertas. Nestes últimos dias, muitos aparecerão com o único objetivo de destruir a unidade da igreja e a comunhão dos santos (2 Ts 2.3; 2 Pe 2.1).

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!