As Chaves do Reino dos Céus

12/10/2020



Apresentação

O Reino de Deus está relacionado com o governo de Deus. Deus é a autoridade suprema sobre tudo que existe, sobre o que é visível, e o que é invisível, sobre a criação, os anjos, a humanidade, a história, as nações e os eventos futuros.

Sl 93:1-2 O Senhor reina...

Sl 97:1 O Senhor reina...

Deus é o Rei do Universo e Rei Eterno (Sl 99:1; 145:13; 146:10).

Introdução

O Reino de Deus está sob o governo do próprio Deus. O ETERNO domina todas as coisas e seres, nos céus e na terra. Este Deus todo-poderoso decidiu, em um ato soberano de Sua vontade, conferir ao Seu povo uma medida de Sua autoridade para que essas pessoas possam cumprir a vontade divina nesta terra. Essa ação é chamada de "autoridade delegada".

Autoridade delegada: refere-se a legalidade ou autorização para exercer uma função.

  • Deus deu autoridade a Adão sobre a terra. (Gn 1.28).
  • Jesus deu autoridade aos seus discípulos para expulsar demônios (Mc 16:17).

A autoridade delgada não substitui a autoridade de Deus, mas a representa em condições específicas.

Símbolo de Autoridade

As chaves do Reino dos Céus são símbolos de autoridade: divina e delegada.

Apocalipse 1: 18 Eu sou o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre! e tenho as chaves da morte e do inferno.

Lucas 11: 52 Ai de vós, doutores da lei! porque tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam.

Apocalipse 3: 7 Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre.

Apocalipse 20: 1 E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão.

As Chaves do Reino dos Céus - I

Certa vez Jesus Cristo reuniu-se com os apóstolos e indagou sobre o que o povo dizia a respeito Dele (Mt 16:19). Após ouvir várias respostas repassadas pelos apóstolos, Jesus ouviu uma declaração do apóstolo Pedro, que dizia que Ele era o Cristo prometido, o filho do Deus vivo.

Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo - Mt 16:16.

O povo disse que Jesus era João Batista, Elias, Jeremias ou um dos profetas. Ninguém discerniu que Ele era o Prometido, o Ungido, o Salvador da humanidade. Somente o apóstolo Pedro fez a confissão certa porque o Pai Celeste lhe revelou.

Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo - Mt 16:16.

Após a confissão de Pedro, Jesus disse-lhe:

Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Mt 16:17.

Bem-aventurado e feliz és tu, ó Simão filho de Jonas, pois esta confissão que fizeste não é uma conjectura humana, formada ou ensinada por relatos de homens ou pela sagacidade da tua mente; mas meu Pai no céu te revelou, operando em tua alma esta verdade que te era desconhecida.

Interlúdio (intervalo)

Pedro declara quem é Jesus e Jesus declara quem é Pedro.

Pois também eu te digo que tu és Pedro (petros)¹, e sobre esta pedra (petra)² edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela - Mt 16:18.

Tu és petros (pedra¹) e sobre esta Petra (rocha²) edificarei a minha igreja. Podemos interpretar a declaração como: "Tu és, como o teu nome significa (Petros), uma pedra substancial de fundação". Com essa declaração Jesus revelou aos apóstolos que a sua igreja seria edificada não com pedras ou tijolos próprios das construções humanas; a Sua igreja seria edificada com pessoas, como Pedro, com pedras vivas. Entretanto, ser uma "pedra substancial de fundação" não era uma honra exclusiva conferida ao apóstolo Pedro, mas algo a ser compartilhado com seus irmãos apóstolos (veja Mt 18:18; Jo 20:23; Ap 21:14).

Jesus é o alicerce de sua igreja, o fundamento, a base de sustentação - 1 Co 3:11.

Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo - 1 Co 3:11.

Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a principal pedra da esquina (Ef 2:20).

Jesus é o alicerce de sua igreja. e os seus discípulos são as pedras vivas da edificação, como bem disse o apóstolo Pedro em sua 1ª epístola (1 Pe 2:5).

"... vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo". (Fim do intervalo).

As Chaves do Reino dos Céus - II

Em seguida Jesus disse que daria a Pedro as chaves do reino dos céus...

"E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus."

O texto mostra a revelação do Pai Celeste a Pedro de que Jesus era o Salvador. Esta é a chave mestra, a revelação da Porta da Salvação (Jesus).

A confissão de Pedro de que Jesus é o Cristo é a chave mestra que abre as portas para a entrada no reino dos céus. Por outro lado, a rejeição a essa confissão de Pedro, fecha a porta para a entrada no reino dos céus.

A confissão de Pedro, de que Jesus é o Cristo, seria compartilhada como sendo as chaves que abririam ou fechariam a entrada das pessoas ao reino dos céus, dependendo da aceitação ou rejeição dessa mensagem.

Foi a percepção da revelação divina por parte de Pedro que colocou as "chaves" do reino em sua posse. Pedro foi, de fato, o primeiro que pregou o evangelho a judeus e gentios, ele foi o instrumento de abrir a porta da fé ao mundo.

A porta do reino dos céus só pode ser aberta pela chave da palavra de Deus; e, portanto, segue-se que Pedro foi o primeiro a usar essa chave e de lá para cá, ela é colocada, por assim dizer, nas mãos dos pregadores da Palavra de Deus até o fim dos tempos.

A Bíblia usa a palavra "Chave" como símbolo de autoridade para abrir e fechar:

"Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá" - Ap 3: 7 b...

"Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele abrirá, e ninguém fechará, fechará, e ninguém abrirá"[promessa a respeito do Messias] - Is 22: 22.

Dentro do contexto de Mateus 16:19 a expressão "chaves do reino" significa a autoridade dada por Jesus ao apóstolo Pedro e, consequentemente, aos demais apóstolos a respeito da obra de Cristo a ser realizada nesta terra.

Os textos de Mateus 18:18 e de João 20:21-23 dão evidência de que a mesma autoridade de ligar e desligar (abrir e fechar) conferida a Pedro foi também dada aos demais apóstolos. Sendo assim, fica evidente que Jesus conferiu aos apóstolos autoridade para dar continuidade ao Seu trabalho na terra, pregando o Evangelho do Reino de Deus aos homens. Nesse sentido, os apóstolos tinham o poder de abrir o reino de Deus para aqueles que compartilhavam a confissão de Pedro de que Jesus era o Salvador e, ao mesmo tempo, tinham o poder de fechar o reino de Deus para aqueles que não confessavam que Jesus era o Cristo, o Salvador.

Em Mateus 18:18 há outra referência sobre "ligar e desligar", desta vez, no contexto de disciplina na igreja.

Jesus ensina os apóstolos como tratar os desentendimentos entre irmãos na fé. Ele inicia incentivando uma reconciliação entre as partes que se desentenderam (Mt 18:15). Não havendo resultado, pela dureza dos corações, o discípulo conciliador deve chamar duas ou três pessoas para testemunhar o esforço de reconciliação (Mt 18: 16). Se ainda assim persistir o endurecimento dos corações, a igreja precisa ser comunicada e, se ainda assim, não houver uma sinalização para a solução do caso, a igreja deve excluir a pessoa irretratável da comunhão da igreja. Dentro desse contexto, a expressão "ligar e desligar" está relacionada à autoridade da igreja em disciplinar aqueles que não andam de acordo com a vontade de Deus.

É importante ficar claro que a igreja não tem autoridade sobre o destino eterno das pessoas; ela tem autoridade para disciplinar os congregados desobedientes e impenitentes. A passagem Ap 1:18 mostra que somente Jesus Cristo tem as chaves da morte e do inferno.

"E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno." (Ap 1:18 ACF).

A autoridade da igreja de disciplinar os faltosos limita-se a esta terra e não ao porvir.

O objetivo dessa disciplina é buscar a restauração do membro faltoso e também proteger a igreja de pessoas que andam de modo contrário à vontade do Senhor, sendo contumazes em seus erros.

Quais são as chaves do reino dos céus?

Nessas duas passagens de Mateus (16:19; 18:18), identificamos duas chaves: a pregação do santo Evangelho e a disciplina na igreja. Cremos que, por estes dois meios, o reino dos céus se abre para aqueles que creem e se fecha para aqueles que não creem.

A primeira chave do Reino é a pregação da Palavra de Deus.

Conforme o mandamento de Cristo proclama-se e testifica-se aos crentes, a todos juntos e a cada um deles, que todos os seus pecados realmente lhes são perdoados por Deus, pelo mérito do Salvador Jesus Cristo, sempre que aceitam a promessa do Evangelho com verdadeira fé. Mas a todos os incrédulos proclama-se e testifica-se que a ira de Deus e a condenação permanecem sobre eles, enquanto não se converterem a Jesus Cristo.

Jesus Cristo quer que anunciemos as boas novas do Evangelho, mostrando a nossa condição espiritual diante de Deus, condição esta, sem a intercessão de Cristo, faz com que fiquemos debaixo da ira divina a qual será manifesta no juízo vindouro.

A chave a Pregação do Evangelho serve para abrir a Porta da Salvação (Jesus - Jo 10:7).

Quando Pedro pregou a Palavra de Deus no dia de Pentecoste, a porta da salvação foi aberta para quase 3 mil pessoas. Mais tarde, Pedro pregou novamente e a porta da salvação foi aberta mais uma vez e o número de crentes passou para quase 5 mil pessoas - (At 2:41; 4:4).

Dos dias de Pedro para cá, a Porta da Salvação continua aberta.Devemos anunciar o Evangelho a todos; quem crer entrará no Reino de Deus, quem não crer ficará do lado de fora.

A segunda chave do Reino é a disciplina exercida pelo governo da igreja.

Conforme o mandamento de Jesus Cristo, aqueles que, com o nome de cristãos, comportam-se como incrédulos, são fraternalmente advertidos, repetidas vezes. Se não querem abandonar seus erros ou maldades, são denunciados à igreja e aos que, pela igreja, foram ordenados para este fim. Se não dão atenção nem a admoestação destes, não são mais admitidos na comunhão dos santos e, assim, excluídos da congregação. Eles podem voltar a ser recebidos como membros da igreja, quando realmente demonstrarem verdadeiro arrependimento e prometerem novidade de vida.


Os membros faltosos na igreja devem ser fraternalmente advertidos, mas aqueles que insistem em pecar, incessantemente, não dando ouvido às advertências e se recusando a abandonar o pecado, devem ser excluídos da comunhão congregacional.(Hb 12:5-11).


Assim como a porta para o reino é fechada pela disciplina na igreja, também a porta é aberta novamente àquela pessoa que, pela confissão do pecado e pela evidência de um verdadeiro arrependimento, deseja retornar à comunhão dos santos.

Conclusão:

Recebemos de Jesus as chaves do Reino, autoridade para exercer nossa Missão na Terra. A igreja está investida de autoridade para realizar a obra de Cristo nesta terra; Jesus Cristo no céu ratifica o que é feito em Seu nome e em obediência à Sua Palavra aqui na terra.

P.S.: É evidente que há outras chaves especiais concedidas por Jesus Cristo aos seus discípulos para serem usadas no reino de Deus; sobre esse assunto estudaremos posteriormente em outra reflexão.