Advertência Final

08/09/2024

O texto de Apocalipse 22:11 apresenta-nos uma advertência solene e decisiva, referindo-se ao estado final de cada ser humano antes da consumação de todas as coisas. A passagem deixa claro que chegará um ponto em que não haverá mais mudanças, arrependimento ou oportunidade de transformação.


Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. – Apocalipse 22:11 (ARA).

No verso acima, temos dois pares contrastantes: o injusto e o imundo, que representam o mal; o justo e o santo, que representam o bem. Estes dois grupos englobam todas as classes de ímpios e piedosos, dividindo a humanidade em termos de seu comportamento moral e espiritual.

Os injustos e imundos pecam contra si mesmos e contra o próximo.

  • Pecado contra o Próximo - injusto em relação aos semelhantes; oposto a "correto" ou "justo". Mais literalmente, aquele que faz algo injustamente, que continue fazendo injustamente. Aquele que é sem lei (grego, 'anomos') continue sem lei; e aquele que é justo continue justo.
  • Pecado contra Si mesmo - imundo — A palavra "imundo" aqui refere-se ao imoral, ao corrupto, ao profano, em relação à própria alma como impura diante de Deus; oposto ao santo", que é consagrado a Deus como puro.

O versículo destaca o que parece ser uma última mensagem de alerta aos seres humanos antes do juízo final, indicando que, quando o tempo da graça se encerrar, cada pessoa permanecerá no estado que escolheu durante sua vida. Esta separação definitiva reflete a seriedade da escolha moral de cada um e a inevitável consequência de suas ações. Ao dizer que "continue o injusto fazendo injustiça" e "continue o imundo sendo imundo", o texto não incentiva a permanência no pecado, mas profetiza o resultado final daquelas vidas que rejeitam a graça de Deus.

Neste contexto, podemos aprender quatro lições importantes para nossa reflexão:

Primeira Lição: O Livre-arbítrio e a Construção do Destino

A primeira lição aborda o poder do livre-arbítrio como um elemento essencial na construção do destino de cada indivíduo.

A justiça ou a impiedade não são condições acidentais ou impostas por forças externas, mas, o fruto das nossas próprias escolhas, repetidas ao longo da vida.

Através do livre-arbítrio, Deus nos concede a responsabilidade de sermos agentes de nossa própria história, construindo o destino com base nas decisões morais que tomamos.

"Semeie uma atitude — colha um hábito; semeie um hábito — colha um caráter; semeie um caráter — colha um destino" resume bem o processo de formação do ser humano. A cada decisão, seja ela boa ou má, estamos moldando nosso futuro eterno.

Esta lição ressalta a importância do homem cultivar atitudes corretas, pois elas determinam o curso de nossa vida espiritual. Se as atitudes de justiça e piedade são semeadas, o fruto será um caráter justo, mas se semeamos injustiça e imundície, colheremos um caráter corrupto e um destino de perdição. Isso reflete a seriedade da liberdade que Deus nos concedeu: não somos meros espectadores passivos, mas participamos ativamente na criação do nosso futuro.

Segunda Lição: A Advertência sobre o Pecado e o Chamado ao Arrependimento

A segunda lição esclarece que as palavras de Apocalipse 22:11 não devem ser entendidas como uma ordem para continuar pecando. Ao contrário, o texto é uma advertência para que os homens despertem para o estado de suas vidas e para o perigo de permanecer no pecado sem arrependimento. Aqui, entendemos que "o mundo será pior antes de melhorar". O pecado deve atingir seu auge antes do retorno de Cristo, e isso é uma importante chave escatológica.

O versículo sugere que o pecado terá seu espaço de ação, mas também faz um chamado urgente ao arrependimento. O tempo é curto, e a graça ainda está disponível, mas essa oportunidade não durará para sempre. O perigo é que, aqueles que ignorarem as advertências divinas, continuarão em seu estado de pecado e rejeição para sempre.

Essa lição nos ensina que a rejeição contínua da graça de Deus pode levar a uma condição irreversível. A advertência final de Apocalipse não é uma declaração de desespero, mas uma última chance de arrependimento. É um chamado para que os homens reconheçam a gravidade de seu pecado, não apenas em relação ao futuro, mas no presente, enquanto há tempo para mudança.

Terceira Lição: A Irreversibilidade do Estado Final

A terceira lição destaca a terrível realidade da irreversibilidade do estado final após a morte. Uma vez que o indivíduo tenha passado desta vida para a eternidade, seu estado espiritual será fixado para sempre, sem chance de regeneração, arrependimento ou mudança de caráter. Aqueles que morreram injustos ou imundos, assim permanecerão eternamente; o mesmo ocorre com os justos e santos. Hebreus 9:27.

No porvir haverá a separação definitiva entre os justos e os ímpios. Essa divisão, que já é percebida no âmbito moral e espiritual durante a vida, se tornará eterna. O texto nos mostra que não haverá meio-termo no julgamento final. Os "injustos" e "imundos" representam aqueles que, por suas escolhas, se afastaram de Deus e da Sua verdade. Esses termos não se referem apenas a ações pontuais, mas a um estado contínuo de vida — aqueles que constantemente praticam a injustiça contra os outros e aqueles que vivem em impureza, corrompendo suas próprias almas.

Por outro lado, os "justos" e "santos" são aqueles que, mesmo imperfeitos, buscaram viver de acordo com os mandamentos de Deus, praticando a justiça e buscando a santidade. A vida de cada pessoa, marcada por escolhas e condutas, culminará em um destino irrevogável. Este é um lembrete poderoso de que nossa caminhada neste mundo é uma preparação para a eternidade.

Essa advertência é poderosa e tem o objetivo de despertar os ímpios para a realidade de que, além do túmulo, não haverá mais oportunidade de purificação ou salvação. Para o pecador, o pensamento de que permanecerá eternamente impuro, além de qualquer possibilidade de redenção, é assustador. Por outro lado, para os justificados em Cristo, há a promessa de uma eternidade de pureza e santidade, sem mais luta contra o pecado.

As Consequências Eternas

A punição do pecado é pecado, a recompensa da santidade é santidade.

A punição eterna não é propriamente um castigo adicionado por Deus, mas o resultado que segue à própria natureza das coisas, como o fruto resulta do broto. Nenhuma punição pior Deus pode impor aos homens ímpios do que entregá-los a si mesmos.

O pecado no mundo eterno será deixado às suas próprias consequências naturais. Por outro lado, a santidade se desenvolverá ali em santidade perfeita, que é felicidade.

A terceira lição, portanto, é a afirmação de que a condição eterna do homem será fixa. Tudo além do julgamento será imutável para sempre.

Quarta Lição: O Convite à Santidade e à Justiça

Por fim, a quarta lição que podemos tirar desta advertência é o "chamado à santidade e à justiça".

O versículo, ao mesmo tempo em que declara o fim da oportunidade de mudança para os ímpios, encoraja os justos a continuarem firmes. Aqueles que praticam a justiça devem continuar a fazê-lo, e os que se santificam, que continuem nesse caminho. Há aqui uma ênfase na perseverança, lembrando-nos de que a caminhada cristã exige constância e fidelidade até o fim.

O "continuar" no texto refere-se à necessidade de que os santos e justos permaneçam vigilantes, cultivando suas vidas espirituais e resistindo às tentações que o mundo oferece. Não se trata de uma salvação pelas obras, mas de uma evidência externa de uma fé viva e transformadora. Deus deseja que Seus filhos sejam justos e santos, refletindo o caráter de Cristo em suas vidas. Portanto, esta advertência final não é apenas um aviso aos ímpios, mas um apelo ao povo de Deus para que persevere na fé, mesmo diante das dificuldades e desafios.

Conclusão:

Essas quatro lições trazem uma mensagem solene:

Concluímos que Apocalipse 22:11 é uma advertência final, que nos chama a refletir sobre nossa vida e a urgência de estarmos preparados para o que virá.

A vida presente é o tempo da decisão. A decisão que tomamos agora, seja de buscar a justiça ou de rejeitá-la, terá consequências eternas. A condição imunda será fixada para sempre, assim como a condição justa será eternamente preservada pela justiça de Cristo imputada aos seus santos.

O texto nos alerta sobre a irrevogabilidade do destino final, a separação definitiva entre justos e ímpios, e nos convida a buscar a santidade e a justiça enquanto ainda há tempo.

Deus, em Sua justiça e misericórdia, oferece a todos a oportunidade de mudança, mas haverá um momento em que essa oportunidade cessará.

O texto de Apocalipse 22:11 não é apenas uma profecia sobre o destino final da humanidade, mas um apelo para vivermos de maneira sábia e consciente, aproveitando o tempo de graça que ainda temos para nos voltarmos a Deus. Que possamos, enquanto vivemos, escolher a justiça e a santidade, preparando-nos para estar eternamente com o Senhor.