A Parousia e o Preparo da Igreja

12/07/2021

Introdução

Quem estuda as Sagradas Escrituras discerne que este é um tempo de preparo espiritual para o que o vem a seguir.

A Bíblia diz que nos últimos dias haverá um período de grande aflição sobre o mundo inteiro; será um tempo de angústia e dificuldade, como nunca visto na história da humanidade.

Porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais (Mt 24.21; Ap 11:2-3).

Jesus Cristo, em seu sermão profético, relacionou sua segunda vinda com o período final da tribulação global. (Mateus 24:29-31, Marcos 13:24-27 e Lucas 21:25-27). No fim da grande tribulação acontecerá o retorno de Cristo à Terra, em glória e poder. Naquela ocasião todo olho O verá como Rei exaltado e triunfante (Zc 14:4).

Convém dizer que todos os termos neotestamentários usados com referência à vinda de Jesus, nos dão a ideia de um evento visível, notável e não oculto:

  1. ephiphaneia (aparecimento);
  2. apokalipsys (revelação);
  3. parousia (vinda-manifestação).

A Parousia será um evento de extrema magnitude. Na primeira vinda Jesus se esvaziou, assumiu a forma de servo e deu a sua vida como oferta pelo pecado do homem. Na segunda vinda, Jesus aparecerá grandioso e glorioso, na sua real condição divina, juntamente com miríades e miríades de anjos celestiais. (Mt 24:30).

O Cenário Pré-vinda.

No ápice da maior tensão política e espiritual da grande tribulação, quando os exércitos das nações estiverem reunidos pela besta para atacar Israel, os céus serão abertos aos olhos humanos e o Senhor Jesus aparecerá com os seus anjos, com grande glória e poder para derrotar o sistema maligno vigente na terra. Entre nuvens de glória, Ele reunirá os seus escolhidos (Mt 24-29-31), derrotará os exércitos da besta e estabelecerá o reino milenar (Ap 20:1-6).

E quando o Filho do homem vier na sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele; e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas (Mt 25:31-32).

E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Ts 1:7-8).

O objetivo da tribulação global não é o extermínio da raça humana. O juízo de Deus virá sobre o sistema maligno no qual o mundo jaz e sobre aqueles que se prostram diante de tal sistema (I João 5:19, I Coríntios 15:23-25, Gênesis 6:7, Gênesis 8:21-22). Durante a grande tribulação vários sinais, nos céus e na terra, surgirão como placas indicativas da volta de Jesus Cristo. Mas, os ímpios não atentarão aos sinais, não se arrependerão de seus pecados e nem perceberão a proximidade da volta de Jesus Cristo (Ap 9:20-21;16:10-11).

O Dia do Senhor de modo nenhum surpreenderá a Igreja. A noiva de Cristo aguarda e anseia por esse triunfante dia. Mas, para os ímpios a realidade é diferente. A volta de Jesus será como "um ladrão à noite", motivo de grande espanto e terror. (Mt 24:33; Lc 21:36; 1Ts 5:4; Ap 3:3).

Os homens ímpios só lamentarão sua condenação iminente, quando acontecer a manifestação do retorno do Rei, através de sinais cósmicos nos céus abertos. Todo olho verá o rei Jesus. (Mt 24:30, Ap 1:7: 6:12-17).

Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu (Mc 13:24-27).


O Rei estará nos ares, com grande poder e glória. Ele enviará os seus anjos, e ajuntará os escolhidos.

E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus escolhidos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu (Mc 13:27).

Quando os céus se abrirem aos olhos humanos, todos no planeta Terra verão o Rei Jesus com miríades de anjos. O Rei Jesus enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos (da extremidade da terra até a extremidade do céu - Mt 24:31; Mc 13:27).

A trombeta profética soará no momento da manifestação visível do Senhor nos céus (Mt 24:31; Ap 10:7) e essa constatação está relacionada com a glorificação corpórea dos santos: mortos e vivos.

Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor (1 Ts 4:16-17).

Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos; mas todos seremos transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados (1 Co 15:23; 50-52).

A Ressurreição dos Justos

Morrendo o homem, porventura, tornará a viver? (Jó 14:14).

A morte é a ocorrência mais triste na existência do ser humano. Entretanto, há uma promessa da parte de Deus, de que um dia Ele fará ressurgir todos aqueles que já morreram, sejam justos ou injustos, sejam bons ou maus. Uns ressurgirão para viver eternamente, os outros ressuscitarão para julgamento e condenação eterna.

Jesus Cristo declarou: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá" (Jo 11:25).

Jesus Cristo ressuscitou por meio de Seu próprio poder; isso foi uma demonstração de Sua Divindade (Jo 10.18). Portanto, somente através de Cristo é que podemos experimentar a ressurreição dentre os mortos, como atesta Paulo: "Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo" (1 Co 15:22).

Paulo explicou que Deus estabeleceu uma ordem para trazer cada pessoa de volta à vida por meio de uma ressurreição.

Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram ... Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai (1 Co 15:20-24).

A primeira ressurreição, ou ressurreição dos santos, acontecerá quando Jesus voltar a esta terra e Ele voltará no final da grande tribulação. Na volta de Cristo os santos que morreram na fé ressuscitarão imortais e incorruptíveis. (I Ts 4:16; 1 Co 15:23; Lc 14:14; Jo 5:28-29; Ap. 20:4-5).

O Arrebatamento da Igreja

A trombeta do arcanjo soará no momento da gloriosa manifestação visível de Jesus Cristo nos céus abertos (Mt 24:31; 1 Ts 4:16; Ap 10:7).

Quando Jesus voltar ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos (da extremidade da terra até a extremidade do céu - Mt 24:31; Mc 13:27); os santos falecidos ressuscitarão imortais e incorruptíveis e os santos que estiverem vivos na Terra serão transformados, revestidos de imortalidade e de incorruptibilidade, e arrebatados ao encontro do SENHOR nos ares (1 Ts 4:16 - 1Co 15:52; Cl 3:4; Ap 20:4-5).

Diante de tudo isso, perguntamos: estamos de fato desejosos e preparados para esse grande Dia?

O Propósito Desta Reflexão

1-O nosso propósito nesta breve reflexão não é impor um dogma e nem causar polêmica doutrinária entre os irmãos em Cristo, mas expor uma interpretação sincera das profecias escatológicas e motivar os santos a um estudo mais aprofundado nas Escrituras, como fizeram os cristãos bereanos, ao ouvirem a pregação ministrada pelo apóstolo Paulo. (At 17:11). Cremos que a igreja atravessará a grande tribulação e que será arrebatada no final desse período de sofrimento, quando Jesus voltar em glória e majestade.

Sabemos que muitos têm crido na hipótese do arrebatamento da igreja antes da grande tribulação como verdade absoluta. Essa crença deve-se, principalmente, ao fato da maior parte das igrejas evangélicas terem surgido a partir do início do século dezenove, época em que começou a ser divulgado o pré-tribulacionismo por parte dos irmãos de Plymouth - EEUU (1830).

As denominações atuais, principalmente as pentecostais e neo-pentecostais, são herdeiras da interpretação pré-tribulacionista daquele período.

Ao lermos as cartas de: Paulo, Pedro e João - podemos perceber que os apóstolos e toda a igreja do primeiro século, vivendo em pleno processo tribulacional, esperavam a volta de Cristo já em seus dias, de modo que o retorno glorioso de Jesus seria para retirar os cristãos da tribulação em que a Igreja vivia (II Tessalonicenses 1:7-10).

Sabemos que a Igreja primitiva viveu em constante perseguição e tribulação. Os primeiros cristãos relacionavam a perseguição desencadeada pelo Império Romano à grande tribulação e o imperador romano ao anticristo. Os cristãos daquela época esperavam, em seus dias, a vinda poderosa de Cristo, para arrebatá-los da tribulação, derrotar o anticristo e instaurar o reino milenar.

Os sucessores dos apóstolos criam na volta de Cristo numa única fase. A leitura da Didaquê - Doutrina dos Doze Apóstolos - documento de grande valor histórico e teológico do fim do primeiro século, que trata do catecismo cristão, confirma isso:

"Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos. Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele". Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu" (Didaquê, Capítulo XVI, 6-8).

A nossa recomendação diante dos asuntos escatológicos é manter-se fiel à doutrina da igreja do primeiro século, recusando as novidades que tragam conflitos e controvérsias à tradição apostólica.

2. Jesus advertiu os discípulos a permanecerem atentos aos sinais que antecederiam a Sua volta, de modo que não fossem enganados em meio à tribulação pelos prodígios malignos dos "anticristos" e dos "falsos profetas" (Mc 24:4; Mt 24:24; Lc 12:54-59). O chamado bíblico para "vigiar", ou seja, manter-se atento aos sinais escatológicos e à santidade, é um convite que se prolonga até o final da tribulação (Ap 16:15). Se a igreja não estivesse inserida nos acontecimentos do período tribulacional, quais as razões da Bíblia revelar aos crentes os pormenores da segunda vinda de Cristo, admoestando-lhes a estarem atentos aos sinais proféticos? (Mt 24:24; Mc 24:4, Lc 12:54-59);

Mas, estamos preparados para esse tempo de espera durante o período tribulacional?

Quantos terão coragem de renunciar posições, empregos e bens acumulados, em nome da fé? Quantos cristãos nos dias atuais são capazes de morrer pelo evangelho? Quantos estão preparados para serem perseguidos de forma implacável pelo sistema político e religioso da Besta?

A nossa cosmovisão da realidade mostra que a maioria dos cristãos parece adormecida com relação a esse assunto; muitos insistem em viver seus projetos pessoais, de modo semelhante à sociedade nos dias de Noé.

Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos. Lc 17:27.

Lamentavelmente, acreditamos que um grande número de crentes só acordará para a realidade tribulacional quando for muito tarde. Para essas pessoas, devido a falta de preparo integral e o alto grau de envolvimento com a vida secular, será extremamente difícil optar pela fé até o fim. Na verdade, muitos estão tão envolvidos com o processo deste mundo, que simplesmente não perceberão o surgimento do anticristo e a aplicação de seu plano maligno a nível mundial... outros, infelizmente, renunciarão a fé de forma lúcida e rápida.

A parábola das Dez Virgens (Mt 25) se enquadra perfeitamente no período da grande tribulação. As dez virgens cochilam e dormem, por causa da demora do noivo, e em determinado momento são despertadas para a realidade. Somente cinco virgens tinham combustível necessário para que as suas lâmpadas brilhassem em meio à escuridão (tribulação).

E as outras cinco donzelas que não estavam devidamente preparadas?

O que fazer sem reservas espirituais para enfrentar os momentos difíceis? A perseguição sobre a Igreja será implacável e muitos desfalecerão ou até mesmo renunciarão ao nome de Cristo, só para manterem sua integridade física e social. Será um momento de prova final, onde saberemos quem verdadeiramente tem compromisso com Deus.

O que temos dito até aqui visa despertar cada um de nós a um preparo para o encontro com Cristo. Esse tempo de espera precisa ser interpretado como tempo de preparo integral, de modo que o crente esteja pronto, para o que der e vier.(Lc 21:36).

Jesus, antes de subir ao Céu, deixou uma pergunta emblemática, intrigante e profunda:

Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? Lucas

Os Sinalizadores de Nosso Preparo Espiritual

A Bíblia é clara quando nos exorta para não dormirmos como os demais diante dos acontecimentos proféticos, mas que estejamos sóbrios e vigilantes (1 Ts 5:6).

Todos os acontecimentos proféticos cumprindo-se ao nosso redor funcionam como sinalizadores para a igreja se despertar e se preparar.

O inevitável é que a tribulação virá. Não podemos mudar os fatos, mas Deus não permitirá que sua Igreja seja aniquilada.

A igreja será guardada (e não retirada) da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro. Guardada, protegida por Deus em meio à tribulação (Jo 17:15; I Pe 1:5; Ap 3:10).

O amor de Cristo pela Igreja não a torna isenta de dores, sofrimentos e de passar por tribulações. Basta olhar para a vida dos primeiros cristãos que foram perseguidos, torturados e martirizados, entre os quais líderes do porte de Pedro, Paulo, João, Tiago, Estevão, Policarpo e tantos outros. A igreja já enfrentou muitas batalhas aos longos dos séculos, mas, pelo poder do Alto, ela tem ressurgido: vitoriosa, triunfante.

A Nossa Responsabilidade

Se, por um lado, existe a responsabilidade divina, por outro, existe a responsabilidade humana. A igreja precisa de preparo integral para o que vem a seguir. Duas atitudes são claramente apresentadas no Evangelho segundo Lucas:

Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem. Lucas 21:36.

A vigilância e a oração. O crente precisa acompanhar os sinais escatológicos, observando, lendo, estudando, para poder escapar de muitas armadilhas do enganador. Essa vigilância aplica-se também à santificação, vigiar para não cair no pecado, não ser contaminado com o sistema maligno.

Em paralelo à vigilância o crente precisa manter acesa a chama da oração, pessoal e congregacional. Não deixar de se congregar, não perder o vínculo do Corpo de Cristo, orando uns pelos outros para o fortalecimento espiritual e a proteção divina.

Louvamos a Deus porque reuniões de oração estão sendo realizadas nos quatro cantos da terra; louvamos a Deus porque os cristãos estão participando cada vez mais dos pequenos grupos, de modo semelhante à igreja do Primeiro Século. Certamente que as tribulações dificultam a obra e trazem sofrimento pessoal, entretanto, nós, que confiamos no SENHOR, somos como o Monte de Sião, que não se abala, firme para sempre.

Sl 125:01 - Aqueles que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não pode ser abalado, mas permanece para sempre.

Conclusão

Lembre-se: Os dias da nossa civilização estão contados. As dores terminais da nossa sociedade serão as dores de parto do Reino de Cristo que virá; aquele Reino cuja vinda deve fazer parte da nossa oração diária. Que glorioso é ter a certeza de que estamos do lado certo, juntamente com o Vitorioso, Rei dos reis e Senhor dos senhores, Jesus Cristo, o nosso Salvador e Senhor para sempre. Amém!

Ap 11: 15 E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: O reino do mundo passou a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.

Pense nisso, creia nisso, deseje isso, ore por isso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!