A Oração do Pai Nosso

09/08/2021

A Oração do Pai Nosso

Introdução

A oração do Pai nosso é a oração que o próprio Jesus ensinou aos seus apóstolos, quando eles lhe pediram: "Senhor, ensina-nos a orar". Esta oração pode ser encontrada na Bíblia na passagem de Mateus 6:9-13 e em Lucas 1:1 -4.

A intenção de Jesus não é que fiquemos repetindo esta oração o tempo todo; seu desejo é que sejamos capazes de compreender os princípios que estão contidos por trás de cada uma das palavras que fazem parte dela. Certamente há uma grande riqueza de princípios espirituais por trás de cada pronunciamento.


Desde o primeiro século, a igreja cristã considera a oração do Pai Nosso como um modelo de oração. Percebemos que o propósito de Jesus Cristo é que tenhamos na oração do "Pai Nosso", um modelo de princípios que devem ser aplicados em todas as orações que realizamos na vida cristã. Jesus quer que tenhamos um hábito relacional correto de oração, desenvolvendo a nossa comunhão com o Pai Celeste. A oração do Pai Nosso, com seus princípios e ensinamentos, pode nos ajudar nesse propósito. Isso significa que devemos entender os pontos apresentados na oração do Pai Nosso, para podermos aplicá-los em nossa forma diária de orar a Deus.

A oração começa assim...

"PAI NOSSO" (v.9)

Primeiro Jesus nos direciona a reconhecer a paternidade de Deus e para termos esse direito de chamar Deus de Pai temos que crer em seu filho Jesus (Jo 1.12), pois só vamos ao Pai através do Filho (Jo 14.6b). Assim sabemos a Quem estamos direcionando nossas orações.

O Senhor Jesus Cristo começa a oração promovendo uma revolução no relacionamento com Deus, principalmente em seus dias.

Os judeus estavam acostumados a chamar Deus de Adonai, Elohim, Senhor, Eterno, Soberano. Mas, chamar Deus de Pai? Com certeza não!

Jesus Cristo então nos aproxima de Deus: "Pai nosso..." (Mateus 6:9). O Soberano Deus é o nosso Pai. Em Cristo somos feitos filhos de Deus, por meio da fé e da redenção em seu sangue, por isso podemos chamar o Criador de Pai.

"QUE ESTÁS NOS CÉUS" (v.9)

Jesus diz onde é a morada de Deus e nos ensina a reconhecer que o Pai é soberano e está em seu trono de glória. Paulo também indicava onde Deus estava e mais, ele exorta a pensar e buscar as coisas do céu (Colossenses 3.1,2).

A nossa oração ultrapassa a terra e chega até onde Deus está.

Com essa primeira declaração, Jesus nos mostra que a oração é uma conversa íntima com o nosso Pai Celeste. Não estamos conversando com um estranho. Estamos dialogando com o nosso Pai Celeste, que é amor, consolação e graça. A partir deste ponto, devemos seguir nossas palavras com confiança.

A partir desta inovação inicial podemos, de forma didática, identificar duas partes na oração, cada uma com 3 pontos. A oração completa pode ser esquematizada assim:

Invocação inicial

  • 1ª Parte - 3 pontos;
  • 2ªParte - 3 pontos.

Declaração de fé final

Os 3 primeiros pontos estão relacionados com a pessoa de Deus e à Sua majestade. Os três últimos pontos estão ligados às necessidades humanas, tanto terrenas quanto espirituais.

Vamos ao primeiro ponto da primeira parte:

"SANTIFICADO SEJA O TEU NOME" (v.9)

Lembre que estamos nos aproximando do Altíssimo, o Todo-poderoso, santíssimo e perfeitíssimo e que este acesso só é possível por causa da mediação de Cristo.

"Santificado Seja o Teu Nome!" - O termo "santificado", significa: ser respeitado ou honrado porque é santo.

Isto quer dizer que, enquanto oramos, devemos reconhecer a grandeza, santidade e glória de Deus, mantendo uma postura relacional de respeito e honra ao Pai Celeste. O nome de nosso Pai Celeste, YHWH, deve ser respeitado e reverenciado.

Enquanto oramos, temos a oportunidade de dizer ao nosso Pai, tudo quanto Ele é e tudo quanto faz, seus atributos perfeitíssimos e santíssimos.

A declaração "Santificado seja o Teu nome" refere-se ao nosso desejo de que Deus seja reverenciado e honrado em toda parte e, em especial, exaltado em nós. É preciso haver o anelo sincero de que outras pessoas conheçam o Pai Celeste; conheçam a Sua bondade, a sua graça, o seu amor e sejam transformados por Sua santidade.

O segundo ponto da primeira parte diz:

"VENHA O TEU REINO" (v.10)

Isso significa atrair o governo divino em nós humanos. Um rei sempre expõe seu decreto e suas leis, e orar neste sentido é dizer pra Deus estabelecer seus decretos e seus mandamentos em nossos corações.

Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos. (Provérbios 3:1 acf)

À medida que o tempo passa a humanidade torna-se cada vez mais independente e apegada a este mundo e às coisas deste mundo.

Na oração do Pai Nosso Jesus leva-nos para um nível de maior entendimento da realidade espiritual, ao ponto de nos desprendermos deste sistema operante e anelarmos de forma intensa por algo maior, mais profundo e eterno. "Venha o Teu Reino..." (Mateus 6:10). Oramos desejando a presença e o governo de Deus sobre nossas vidas.

O nosso Pai Celeste tem preparado para nós coisas grandiosas e profundas em seu Reino (1 Coríntios 2:9). Essas coisas são completamente superiores, abundantes e extraordinárias a tudo que existe neste mundo.

Ao orarmos: "Venha o Teu Reino", estamos pedindo que o Senhor Deus se manifeste à humanidade. Que todos conheçam a Sua pessoa e o seu reino.

Finalizamos a primeira parte do Pai Nosso com o terceiro ponto, que diz:

"SEJA FEITA SUA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU" (v.10)

Orar neste sentido é dizer que estamos prontos paraobedecer a vontade de Deus..

Jesus mostra na prática que fazia a vontade do Pai mesmo em circunstâncias adversas (Mc 14.36).

Essa é a parte mais difícil porque conflita com a vontade do homem. Mas, o filho de Deus pensa diferente e deseja que a vontade do Pai Celeste seja respeitada na Terra, tanto quanto ela é respeitada no céu. A realidade é que a humanidade está caminhando cada vez mais para longe de Deus. O ser humano está cada vez mais distante de seu Criador.

A vontade de Deus é descrita pelo apóstolo Paulo como "boa, agradável e perfeita" - (Romanos 12:2). Deus não erra e os seus planos são perfeitíssimos.

A vontade de Deus é algo que precisa nascer no coração humano. E esse convencimento só pode acontecer quando há uma conversão a Cristo. Aqueles que são de Cristo, amam a Deus, e se submetem à vontade divina de forma voluntária".

Ao orarmos pedindo: "seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu" (Mateus 6:10). Estamos dizendo ao Pai Celeste que é nosso desejo submeter os nossos conceitos, sonhos, pensamentos e propósitos à vontade divina; que o ETERNO Deus e Pai decida porque a vontade Dele está acima da nossa.

Agora passemos para a segunda parte da oração do Pai Nosso. A oração do Pai começa com o lado devocional de nossa vida em relação ao Pai Celeste, glorificando a Deus e pedindo a manifestação do Seu Reino e da Sua vontade. Agora o Senhor Jesus coloca diante de Deus as questões do ser humano. A segunda parte da oração do Pai Nosso está relacionada com as necessidades humanas que devem ser apresentadas ao Pai Celeste.

O primeiro ponto da segunda parte diz:

"O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DA HOJE" (v.11)

O homem é um ser integral e assim como buscamos nossas necessidades físicas, também devemos buscar nosso "pão espiritual" todos os dias ( Mt 4.1-4).

A oração do Pai Nosso não é uma prece de ostentação. Jesus não pede os reinos da Terra ou todos os tesouros deste mundo. Ele pede o necessário, o sustento, a provisão divina para a vida humana.

A Bíblia nos ensina a simplicidade e o contentamento. 1 Tm 6:8.

Jesus nos ensina a pedir ao Pai Celeste o pão de cada dia (Mateus 6:11). Não é algo sem importância, mas a provisão divina diária! Significa alimento bom, saudável e suficiente para a nossa vida diária. Refere-se as nossas necessidades naturais.

Todos nós temos necessidades diferentes. O Pai Celeste conhece cada uma delas. Portanto, se você tem alguma necessidade diária, apresente-a em oração. Peça a Deus o suprimento, seja de forma natural ou através de um milagre.

O pão nosso de cada dia tem uma implicação espiritual. Jesus é o Pão vivo que desceu do Céu (João 6:51). Portanto, o pão nosso de cada dia não é somente o pão que comemos diariamente, mas é também o alimento espiritual que edifica e fortalece a nossa alma. A cada dia necessitamos desse alimento espiritual.

O segundo ponto da segunda parte diz:

"PERDOAI AS NOSSAS DIVIDAS, ASSIM COMO PERDOAMOS A QUEM NOS DEVE" (v.12)

Essa parte da oração mostra a necessidade de cada um buscar o perdão de Deus do mesmo modo que perdoa a quem lhe deve.

Como seres humanos, somos pecadores, devedores a Deus e ao próximo. Herdamos o erro de Adão e com isso, a fragilidade de uma natureza predisposta ao pecado. Jesus perdoa a nossa dívida através da sua morte na cruz. Ele dá a todos os que creem em seu nome o perdão e a redenção.

Neste ponto da oração do Pai Nosso, Jesus nos incentiva a demonstrar arrependimento de forma constante, diante de Deus. "Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores" (Mateus 6:12).

Isso mesmo!

É uma via de mão dupla. Devemos pedir perdão a Deus todos os dias, e também devemos liberar perdão todos os dias para quem nos ofende. O perdão divino está estreitamente relacionado com a nossa liberação de perdão ao próximo.

Com essa prática, desenvolvemos parte do caráter de Deus: o aspecto perdoador. No coração daquele que foi perdoado por Deus não pode haver rancor, mágoas ou ressentimentos. Através desta oração, fica implícito, o nosso desejo em pedir ao Pai Celeste que crie em nós as condições de um coração perdoador.

O terceiro ponto da segunda parte está relacionado com a:

"NÃO NOS DEIXE CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRA NOS DO MAL" (v.13)

A oração é de fato uma arma poderosa que nos ensina a nos antecipar aos ataques diabólicos que vem todos os dias em nossa direção com a intenção de nos afastar do caminho de Deus.

Como já vimos, somos frágeis pecadores. O pecado encontra em nossa humanidade grandes oportunidades de rebelião a Deus. Além de nossa natureza pecaminosa existe o Diabo, nosso adversário, que procura a todo custo destruir-nos e nos usar para destruir outros.

Na oração do Pai Nosso, Jesus nos incentiva a orar: "E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal" (Mateus 6:13).

Neste pedido, suplicamos ao Pai Celeste que nos fortaleça, para que a nossa natureza carnal não nos vença e sejamos levados a fazer aquilo que é pecado, que desagrada a Deus e nos traz terríveis consequências.

Livra-nos do mal, de toda forma do mal: do engano, ao envolvimento em práticas proibidas, das armadilhas às perseguições do inimigo.

Pedimos ao Pai Celeste que nos livre de Satanás, nosso adversário, porque ele nos odeia e fará o que for necessário para nos destruir (1 Pedro 5:8).

Nesta parte da oração reconhecemos a nossa fragilidade e suplicamos a proteção divina, o livramento do SENHOR e a força espiritual que Ele nos concede através do Espírito Santo.

Chegamos ao final da oração do Pai Nosso que diz assim.

" PORQUE TEU É O REINO, O PODER E A GLORIA PARA SEMPRE" (v.13)

Começamos a oração falando da grandeza de Deus e também terminamos da mesma forma. Ele é o Princípio e o Fim. É sempre importante começarmos e finalizarmos a nossa prece reconhecendo e enfatizando o Deus é e o que Ele faz.

O Senhor Jesus encerra a oração do Pai nosso, com as seguintes palavras: "porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém'" (Mateus 6:13).

Jesus reforça o reconhecimento da majestade e da glória de Deus, mostrando o quanto dependemos de sua bondade e amor.

Em resumo a oração do Pai Nosso seria assim:

"Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino e seja feita a tua vontade...porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!".

O Pai Celeste é exaltado sobre todas as coisas. Soberano SENHOR, Excelsior, majestoso, glorioso. Diante Dele nos curvamos. Com atitude submissa e humilde oramos incessantemente, com fé e perseverança, suplicando que Ele nos atenda.

Conclusão

Esperamos que esta pequena reflexão sobre o modelo de oração que Jesus nos deixou seja-lhe motivo de inspiração a uma vida devocional mais constante e profunda.

Lembre-se que a oração do Pai Nosso é um modelo para que apliquemos os mesmos princípios em nossas orações diárias, reconhecendo a grandeza divina, submetendo a nossa vontade a Deus, orando com humildade, reverência e fé.

Pense nisso e que Deus nos abençoe rica e abundantemente. Amém!